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terça-feira, setembro 13, 2011 11:59:00 AM



Fractal : Revista de Psicologia
versão On-line ISSN 1984-0292
Fractal, Rev. Psicol. vol.20 no.1 Rio de Janeiro jan./jun. 2008
http://dx.doi.org/10.1590/S1984-02922008000100010
A escrita de um corpo sem órgãos

The writing of a body without organs


Catarina Resende
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – mestranda. Endereço para correspondência: Av. Prefeito Dulcídio Cardoso, 800/b.2, 801. Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 22620-311. E-mail: catarinamr@terra.com.br


RESUMO
A partir da leitura dos estudos de Foucault sobre o cuidado de si e de Deleuze e Guattari sobre o corpo sem órgãos (CsO), tivemos o objetivo de traçar as possíveis aproximações entre a escrita de si e o diário de CsO. Esse exercício de escrita de si constitui um exercício de constituição de corpos que além de um voltar-se sobre si, oferece um cuidado de si para cuidar dos outros. Concebemos o diário de CsO enquanto uma prática de si que oferece um movimento etopoiético na direção de uma dimensão ética e estética, mas também política da vida.
Palavras-chave: Cuidado de si. Corpo sem órgãos. Ética. Estética. Subjetividade.
ABSTRACT
Beginning from the reading of the Foucault studies on the self care and of Deleuze and Guattari on the body without organs, we had for purpose to trace the possible approximations between the self writing and the body without organs diary. This exercise of self writing is an exercise of constitution of bodies that, besides turning back over oneself, provides a self care in order to care for the others. We conceived the body without organs diary as an ethopoietic movement towards an ethical and esthetic dimension, but also political of life.
Keywords: Self care. Body without organs. Ethic. Esthetic. Subjectivity.


1. Em busca de uma estética da existência
A partir da sua investigação sobre a história da sexualidade, Foucault passa a problematizar os processos de subjetivação do ponto de vista "do governo de si". Seus últimos escritos, já na década de 1980, se dedicam à constituição do sujeito na sua relação consigo e com os outros, e ao tema da conduta de vida. Para tanto, estuda a moral da Antiguidade ao cristianismo, lançando um olhar para o passado, a fim de pensar questões atuais que dizem respeito ao ser. Segundo ele, a moral cristã de obediência a um sistema de regras encontra-se em decadência e até mesmo desaparecendo, o que justifica o interesse pela Antiguidade para se pensar formas de subjetivação enquanto práticas de liberdade (FOUCAULT, 1984a/2004, 1984b/2004). O estudo de uma moral que vai ao encontro de uma ética pessoal pode nos oferecer uma reflexão sobre o que vivemos hoje, na busca por uma estética da existência (FOUCAULT, 1984c/2004).
Foucault localiza entre os séculos I e II o período de maior desenvolvimento de uma "arte da existência" que se constitui no que ele entende por "técnicas de si": um conjunto de procedimentos, pressupostos ou prescritos destinados à fixação, manutenção ou transformação das identidades dos indivíduos em função de determinados objetivos, a partir das relações de domínio de si sobre si (FOUCAULT, 1980-1981/1997, p. 109). Com uma pesquisa sobre os modos estabelecidos de conhecimento de si, Foucault problematiza não só a constituição do sujeito na complexidade de suas interações com o outro, mas, também, o imperativo socrático do "conhece-te a ti mesmo".
Tais estudos nos remetem a uma dimensão da subjetividade derivada do poder e do saber, mas que no entanto deixa de ser correlativa e dependente deles (DELEUZE, 1991). Ao deslocar a questão da subjetividade do eixo poder-resistência, podemos criar uma nova relação com o poder, este agora, tomado como correlativo e dependente da liberdade. Nesta dimensão a conquista da liberdade se dá a partir da ética. A reflexão de Foucault nos coloca questões atuais como: "Que fazer de si mesmo?", ou, "Que trabalho operar sobre si?" (FOUCAULT, 1980-1981/1997, p. 109-110).
Na apresentação de seu curso sobre o tema da hermenêutica do sujeito, Foucault remonta um cenário onde "a regra de ter de conhecer a si mesmo foi regulamente associada ao tema do cuidado de si" (FOUCAULT, 1981-1982/1997, p. 119), e nos traz exemplos da cultura antiga sobre o valor dado ao cuidado de si e sua relação com o conhecimento de si. Foucault considera que o Alcebíades de Platão marca o ponto de partida para a questão do cuidado de si – epimeleïa heautou – quando se confere significação ao imperativo do conhecimento de si (FOUCAULT, 1980-1981/1997). A partir de extremos como Sócrates e Gregório de Nícia, vemos tanto a filosofia antiga quanto o ascetismo cristão "sob o signo do cuidado de si", não apenas como um princípio, mas como uma prática constante (FOUCAULT, 1981-1982/1997, p. 120).
Entretanto, nosso objetivo não é o de discorrer acerca da diferença entre as práticas dos gregos e dos cristãos, mas de pensar em possíveis práticas de si que se insiram no contexto do nosso tempo e que possam nos abrir para uma ética da liberdade. O cuidado de si será entendido aqui de acordo com o que sugere Foucault, como experiência e como técnica elaborada que transforma essa experiência. No entendimento de Deleuze, os gregos "inventam" o sujeito como derivado de uma "subjetivação", eles descobrem a "existência estética" na relação consigo como regra facultativa do homem livre (DELEUZE, 1991). Dessa forma, ao fazer uma história do cuidado de si, Foucault faz também uma história da subjetividade que põe em destaque o sujeito nas suas experiências, na articulação do governo de si com as relações com o outro (FOUCAULT, 1980-1981/1997).
Para tanto, gostaríamos de lançar o nosso olhar para os textos sobre os modos de vida na cultura greco-romana no que diz respeito ao conjunto de atividades que constituem práticas de si: exercícios, dietas, regimes de sono e vigília, atividade sexual, cuidados corporais, meditações, leituras etc. No entanto, destacaremos para fins de nossa análise, a "escrita de si" como um exemplo de "arte de si mesmo" e governo de si e dos outros. A escrita de si da cultura filosófica anterior ao cristianismo deve ser vista como uma das práticas de si, treino de si por si mesmo. Ou seja, nenhuma técnica pode ser adquirida sem exercício: "a arte de viver" deve ser conquistada dia após dia, durante toda a vida, num campo de atividades complexas, reguladas e cuidadosamente elaboradas (FOUCAULT, 1981-1982/1997, 1983a/2004, 1983b/2004).
A escrita dos séculos I e II nos interessa particularmente pela função etopoiética que é capaz de assumir, enquanto opera a "transformação da verdade em êthos" (FOUCAULT, 1983a/2004, p. 147). Suas formas mais conhecidas são o hupomnêmata e a correspondência.
Os hupomnêmata eram utilizados por um público culto como guia de conduta através de anotações sobre citações, fragmentos de obras, ações e lembranças, entre outras. Seu valor ia além de "uma memória material das coisas lidas, ouvidas ou pensadas", constituindo essencialmente "um tesouro acumulado para releitura e meditação posteriores" (FOUCAULT, 1983a/2004, p. 147). Mais que simples cadernetas de anotações ou suportes de memória, os hupomnêmata estão arquivados na alma, como diz Sêneca, fazendo parte de si mesmo. A sua escrita, portanto, nada mais é que subjetivação do discurso, constituição de si. Nesta ética os objetivos são claros: "recolher-se em si, atingir a si mesmo, viver consigo mesmo, bastar-se a si mesmo, aproveitar e gozar de si mesmo" (FOUCAULT, 1983a/2004, p. 149). Sem se preocupar com o futuro, os hupomnêmata direcionam sua reflexão para o passado, opondo-se à dispersão da stultitiaa. Sem valor coercitivo, configura, nas palavras de Foucault, uma "prática regrada e voluntária do disparate" dominada por dois princípios que ele entende como "a verdade local da sentença" e "seu valor circunstancial de uso" (FOUCAULT, 1983a/2004, p. 51). Daí seu papel transformador. A escrita constitui um corpo, transforma o visto ou ouvido em "forças de sangue". Se no escritor ela se torna um princípio de ação racional, no copista, ela o permite criar sua própria identidade a partir da nova coleta de coisas ditas. Ou ainda, neste jogo de escrita e leitura podemos formar uma identidade onde se lê toda uma genealogia do que foi vivido.
As correspondências também permitem o exercício pessoal através de uma dupla função: age naquele que a envia, pelo gesto da escrita; e naquele que a recebe, pela leitura e releitura. Apesar de se assemelhar em alguns pontos com os hupomnêmata, as cartas não são seu simples prolongamento. Quando a carta torna o escritor presente para aquele que a recebeu, constitui uma forma de se manifestar a si mesmo e para os outros. Inerente a um conjunto de anotações sobre o corpo, a saúde, as sensações físicas, a dieta, os sentimentos, há uma verdadeira "escrita da relação consigo" com uma abertura ao outro sobre si mesmo no que diz respeito às interferências do corpo e da alma e às atividades de lazer (FOUCAULT, 1983a/2004).
Dessa forma, a proposta deste trabalho é fazer as possíveis aproximações entre os estudos de Foucault sobre cuidado de si e os de Deleuze e Guattari sobre o corpo sem órgãos, a fim de trazer à luz a reflexão sobre uma prática de si que, a nosso ver, favorece nos dias de hoje um caminho para uma estética da existência: o Diário de Corpo sem Órgãos.

2. Como criar para si um diário de corpo sem órgãos
Se quiserem, podem meter-me numa camisa de força, mas
não existe coisa mais inútil que um órgão. Quando tiverem
conseguido um corpo sem órgãos, então o terão liberado dos
seus automatismos e devolvido sua verdadeira liberdade
.
(Antonin Artaud, 1947/1983, p. 161)

Na transmissão radiofônica de Para acabar com o julgamento de Deus, Artaud nos apresenta um corpo não organizado que teria sido roubado por Deus para nos submeter ao juízo. Ao encontrar o nosso corpo sem órgãos poderemos escapar do julgamento e produzirmos um "corpo afetivo, intensivo, anarquista, que só comporta pólos, zonas, limiares e gradientes" (DELEUZE, 1997, p. 148).
Deleuze e Guattari se apropriam da idéia de um corpo sem órgãos de Artaud e dão continuidade a ela com alguma ressalva: "não é uma noção, um conceito, mas antes uma prática, um conjunto de práticas" (DELEUZE; GUATTARI, 1980/2004, p. 9). O corpo sem órgãos (CsO) é o corpo da experiência, com suas próprias forças. É o corpo livre da interpretação e do juízo que nos impedem novos modos de vida e organizam os corpos. O CsO não se opõe aos órgãos do corpo, mas sim ao corpo organismo enquanto "organização orgânica dos órgãos" (DELEUZE; GUATTARI, 1980/2004, p. 21). Sem o aprisionamento em um corpo organicamente organizado, podemos nos abrir ao fluxo, ao devir, à intensidade, à experimentação de nós mesmos. Criar para si um CsO é se deixar atravessar por uma poderosa vitalidade não-orgânica (DELEUZE, 1997).
É evidente que também nos constituímos em um corpo organismo, mas não devemos depender dele, o que é bem diferente. Quando dependemos do organismo, estamos presos a padrões estabelecidos pela sociedade, ficamos vulneráveis a censuras, repressões, regras, interpretações e automatismos. O CsO é o oposto disso, ele não reprime os impulsos, pertence a uma conexão de desejos, a uma conjunção de fluxos; acontece por intensidades que estão associadas à vitalidade e à existência enquanto criação contínua. O CsO não é um não-corpo, mas um corpo instituinte.
Mas é preciso prudência! Articular esses desejos e conexões para criar um CsO não é tarefa simples. De acordo com Deleuze e Guattari (1980/2004), quando essa abertura aos acontecimentos se dá num corpo extremamente fixado na organização orgânica dos órgãos, ele pode se perder nesse turbilhão de intensidades e se enrijecer num determinado tipo de corpo, como o hipocondríaco, o drogado, o masoquista e o esquizofrênico.
É verdade que todos esses corpos podem ser ainda CsO, mas é preciso saber transitar entre eles, desprender-se do organismo para não sucumbir num CsO vazio. Temos que saber manejar os impulsos e os desejos para criarmos um CsO pleno de potência e assegurar ao corpo essas conexões contínuas. Para Deleuze e Guattari (1980/2004), o CsO está sempre por acontecer, ele se cria no plano de imanência, pertence ao mundo do terreno, das vivências, dos modos de ser. O corpo não é hermético, acabado e constituído, mas uma derivação, um somatório de forças. Cada vivência é sempre singular e ao mesmo tempo múltipla. O CsO não deve se submeter à interpretação e ao julgamento, ele está associado à descrição e ao relato das experiências de si.
Portanto, é enquanto plano de experimentação de si que queremos abordar o diário de CsO, mas não antes de contextualizarmos do que se trata esta prática. Ela foi criada na Escola Angel Vianna, no curso profissionalizante de Recuperação Motora e Terapia através da Dança, pelo Professor Mauro Costa para a disciplina "Seminário de Arte e Educação" a fim de inserir a experiência do CsO no meio da dança, utilizando-se do pensamento de Deleuze e Guattari sobre o corpo – associando-o aos de Artaud, Daniel Stern, José Gil, Suely Rolnik, Spinoza entre outros.
O resultado desse casamento me surpreendeu e continua me surpreendendo. Como a idéia era preparar os estudantes para escrever suas monografias, pedia, desde o fim do primeiro mês, que escrevessem, descrevessem, suas próprias experiências corpo sem órgãos. Afinal, Feldenkrais, Gerda Alexander, Alexander, todos fizeram seus programas de corpo sem órgãos, tanto quanto a improvisação do Paulo Trajano e a "expressão corporal" de Angel Vianna ou o corpo "oriental" do zen-shiatsu. A matemática qualitativa do corpo sem órgãos pede o acesso por meio da própria experiência: é um movimento construtivo e constituinte, principalmente um movimento político de desorganização construtiva... (COSTA, 2003, p. 60).
Como vemos, nesta proposta, os alunos do curso devem registrar em um diário suas "experiências corpo sem órgãos", tanto em práticas mais expressivas e artísticas como a dança, quanto em atividades cotidianas, respeitando apenas o requisito de ser a descrição de um momento "corpo criando-se" (COSTA, 2003, p. 61).
Costa se refere às disciplinas ministradas no curso – Técnica de Feldenkrais, Eutonia, Técnica de Alexander, Contato e improvisação, Expressão corporal e Zen-shiatsu – que têm na própria prática descobertas de corpos sem órgãos. São práticas corporais que através de seus exercícios e orientações abrem o corpo ao fluxo de intensidades, num movimento de des-construção e re-construção do próprio corpo. Trata-se do que podemos chamar de "técnicas da imanência": não propõem um modelo a ser seguido ou atingido comum a todos os corpos, mas, ao contrário, criam um contexto de pesquisa corporal que valoriza as vivências de seus praticantes nas suas singularidades. Como nos sugere Teixeira (1998), é preciso que o corpo se conheça sozinho, sem dependência com o corpo organicamente organizado. Além disso, são técnicas que se utilizam de uma "pedagogia-terapêutica"b, ou seja, disponibilizam meios para que o aluno se torne mais autônomo na manutenção do bem-estar corporal e na busca da sua saúde. Com maior conhecimento do seu corpo, ele adquire a capacidade de reconhecer seus ritmos e suas limitações – seja para respeitá-las ou superá-las – tanto físicas quanto psíquicas no enfrentamento das atividades diárias.
À medida que o diário de CsO constitui uma descrição do vivenciado com o máximo de intensidade e o mínimo de extensividade, sem juízo, sem interpretação, um verdadeiro "protocolo de experiências", ele faz da sua escrita um exercício de constituição de corpos. A proposta é descrever momentos em que deixamos de ser um corpo organismo para nos abrirmos a conexões, agenciamentos, circuitos, conjunções, intensidades e desterritorializações. Enfim, a proposta é escrever o diário dos nossos corpos sem órgãos.
A partir das palavras de um trecho do diário de CsO de um médico que freqüentou o curso, observamos o movimento de produção de mudanças na percepção e experiência do corpo.
Estava examinando uma senhora sentada na maca, eu auscultava seus batimentos cardíacos, seus pulmões, observando o murmúrio vesicular, sua natureza, intensidade e ruídos patológicos (roncos, sibilos etc.). De repente, comecei a prestar atenção na minha postura, e pude perceber que estava com a coluna cervical fletida, a região torácica cifótica (flexão anterior), a cabeça inclinada para a esquerda. A mão que segurava o estetoscópio no precórdio da paciente imprimia uma força e estava tensionada, o ombro esquerdo estava elevado e tenso e os ombros fechados. O peso do corpo estava mais sustentado na lateral direita, fazendo uma oposição. A região plantar que recebia o peso era a metade posterior dos pés, região dos calcâneos; era como se tivesse somente os calcanhares, não sentia os dedos e os metatarsos (COSTA, 2003, p. 68-69).
Na primeira parte desse relato podemos acompanhar o "exercício" aparentemente simples de "prestar atenção em si", mas que, de fato, demanda uma escuta refinada do próprio corpo. Quando conquistada, essa percepção pode produzir uma infinidade de informações e registros sobre o corpo no que tange às sensações, à organização interna e externa, e no que diz respeito ao espaço e a relação do corpo com os objetos e com os outros. Adiante veremos ainda no mesmo relato de que modo esse "exercício" se desdobra em um recurso que permite fazer um uso mais apropriado do corpo, potencializando suas ações.
Comecei a exercer a pausa e a inibição e, num gesto reflexo, quase desmontei este padrão de imediato. Depois, me dei um tempo, tomei consciência do meu momento corporal e fui aos poucos relaxando a mão que segura o estetoscópio, desci o ombro esquerdo, alarguei os ombros, desfiz a flexão cervical e torácica, assumi o peso nas duas lateralidades, solicitei uma atividade dos metatarsos e dos dedos e comecei a sentir toda a região plantar contra o chão. Com isto, fiquei mais alto em relação à altura do corpo da paciente que eu examinava. Então, fiz uma pequena flexão da coxofemoral, joelhos, e me vi na postura do macaco da técnica de Alexander. Isto me deu uma consciência das costas e de todo o comprimento da coluna, me senti mais presente, comecei a escutar os sons cardíacos e respiratórios de forma mais nítida, enfim, melhorou minha audição. (COSTA, 2003, p. 69)
Neste ponto do diário, o médico começa a perceber que a reorganização corporal experimentada vai além da reorganização de sua postura; trata-se de uma abertura do corpo como um todo à plenitude de suas funções. Observemos ainda:
Fiquei emocionado, não acreditei e resolvi fazer um teste. Abandonava a postura, e a audição dos sons se alterava, voltava à postura e percebia uma qualidade auditiva melhor. Imediatamente pensei: se Alexander melhorou sua voz com este trabalho, logo isto também se aplica a esta percepção e a todas as demais. Uma colega de trabalho veio me perguntar se eu estava com problemas de coluna, porque eu estava numa posição esquisita. Respondi que agora não; só estava fazendo uma pesquisa corporal (COSTA, 2003, p. 69).
Nesse caso, o autor do diário de CsO descreve com precisão e riqueza uma atividade extremamente corriqueira do cotidiano de um médico transformada em experiência sensível. Ele recorre aos recursos da técnica de Alexander que o permitem ampliar a percepção de si a fim de reorganizar sua postura e acaba criando uma desconstrução da sua atividade profissional. O estranhamento desse ato pôde abrir seu corpo à intensidade e à dimensão do outro, pois com uma melhor qualidade auditiva ele pode auscultar com mais precisão sua paciente. Essa experiência mostra como o jogo entre corpo organismo e CsO se dá num balanço contínuo, exatamente como vivemos.
A escrita de um diário sobre as experiências de um corpo não organizado é uma "escrita de sangue e de vida que se opõe à escrita do livro", sem o juízo, ela implica uma "verdadeira inversão do signo" (DELEUZE, 1997). O corpo se assume como lugar de potência e o sentido torna-se referência nas relações produzidas. Gostaríamos, portanto, de pensar o diário de CsO enquanto prática de cuidado de si que se constitui não apenas no campo da experiência, mas enquanto técnica elaborada que transforma a própria experiência.

3. A escrita do CsO
A fim de pensarmos alternativas para o imperativo do "conhecer a si mesmo", e de propor um trabalho que possamos operar sobre nós mesmos nos dias atuais sem função coercitiva, é que faremos nossa análise sobre o diário de CsO enquanto escrita de si. A nosso ver, o diário enuncia uma relação consigo que resiste aos códigos e aos poderes quando temos na relação consigo uma das origens dos pontos de resistência ao eixo saber-poder (DELEUZE, 1991). Entendemos o diário de CsO como uma técnica de si que suscita na escrita de si um instrumento de transformação etopoiético, onde ler o que se escreveu é reler a si mesmo.
A prática do diário de CsO permite um maior conhecimento de si que está relacionado aos modos de ser. Ele estabelece um modo de "exercício de si" que dialoga na sua estrutura, ora com os hupomnêmata ora com as correspondências desenvolvidos nos séculos I e II. Sem a intenção de definir limites estanques, na sua forma o diário de CsO se assemelha mais aos cadernos de anotações, porém no seu conteúdo aproxima-se mais das cartas. As experiências do ser, registradas no diário, constituem e subjetivam o corpo. Transformam o vivido em forças de sangue. Uma escrita da relação consigo reveladora dos movimentos da alma, mas, sobretudo, da carne.
Foucault, Deleuze e Guattari nos levam ao corpo como campo de forças, capaz de operar a inversão de signos e ir além do simbólico. A escrita do diário de CsO revela o corpo como uma máquina desejante e pulsante que ultrapassa seus contornos. O corpo ocupa lugar de investimento de desejo a partir de si mesmo, e não de sua representação imaginária ou simbólica. É o próprio corpo, encarnado, que produz o corpo na experiência e comporta todo o virtual do seu desejo. "O corpo é poder de transformação e devir" (GIL, 1997, p. 185).
Além de proporcionar um recolher-se em si mesmo, essa "escrita imanente das intensidades de si" também é um abrir-se para o outro. O diário de CsO põe em destaque não só o sujeito nas suas experiências, mas também na articulação do governo de si com as relações com o outro. Quando um aluno do curso da escola Angel Vianna trazia seus escritos para o restante da turma, podíamos observar que a leitura da experiência de um reverberava no outro, recriando e criando não o corpo sem órgãos "de um" ou "de outro", mas um corpo sem órgãos em continuum. No exercício em que um aluno lê para os demais suas próprias anotações e os penetra em seus corpos com isto, a escuta também atua de forma ativa na subjetivação do outro.
Assim, o diário de CsO nos oferece mais do que um voltar-se sobre si, pois aqui também podemos compreender a dimensão política do cuidado de si para cuidar dos outros. Para um cuidado de si enquanto forma de vida, a escrita, a leitura e a escuta do diário de CsO permitem um reinventar a si mesmo que não se limita ao autor da experiência registrada. Porém, este cuidado de si deve ser visto como uma tarefa; as relações consigo mesmo e com os outros devem ser estabelecidas ao longo de toda a vida a partir da conversão a si. Trata-se de um conhecimento de si que se dá pela sua função etopoiética, onde não devemos pretender uma verdade como decifração daquilo que somos, mas na nossa relação com o mundo, com os acontecimentos que se produzem. O diário de CsO revela uma verdade sobre si distante de uma hermenêutica do sujeito, ou melhor, de uma verdade dada da coisa em si; trata-se de uma verdade que está na própria experiência que nos constitui.
Entretanto, é importante retomarmos que, produzir um CsO exige prudência. Ir ao incodificável e desfazer o organismo pode ser tão devastador quanto os outros estratos que nos amarram enquanto sujeitos: a significância e a subjetivação. A prudência entra em jogo "como regra imanente à experimentação" (DELEUZE; GUATTARI, 1980/2004, p. 11). Paradoxalmente, é ela que nos permite ousar. Com prudência podemos avançar nas experimentações de nós mesmos, mas sempre podendo retornar delas quando assim desejarmos. Da mesma forma que não devemos estar sempre condicionados ao organismo, não podemos estar sempre no corpo sem órgãos. É preciso que haja um corpo organizado para abrir o corpo às intensidades, a fim de que se possa transitar entre esses gradientes.
Neste caso, a prudência se inscreve como uma charneira, uma bifurcação entre a expansão de um CsO potente nas suas conexões e a autodestruição de um CsO esvaziado de potência. Ela atua como uma verdadeira reguladora da liberdade. Daí a necessidade de se criar o CsO como um exercício do cuidado de si. Enquanto técnica de si é preciso conquistá-lo dia após dia, por um conjunto de práticas cuidadosamente elaboradas. As experimentações de si devem acontecer na arte da justa medida das possibilidades de agenciamentos de desejo de cada um, sem overdose.
Criar para si um CsO pleno é antes desconstruir o corpo – para que se possa construir outro(s) – e nunca destruí-lo. Como conduta de vida, criar um CsO requer necessariamente um lugar, um plano, um coletivo; tanto quanto o seu diário: temos que contextualizá-lo, mostrar "a verdade local da experiência" e "seu valor circunstancial de agenciamento de potências".

4. Um diário da existência
Como vimos, uma releitura da moral da cultura greco-romana nos permite repensar os modos de vida não em formas universais e coercitivas, mas sim contingentes e facultativas. Neste mesmo sentido, o diário de CsO nos oferece mais do que uma experiência pedagógica que encontrou terreno fértil para se desenvolver com sucesso no curso para o qual foi criado; ele anuncia a infinidade de relações do corpo com as forças que o afetam e nos oferece novos modos de subjetivação. Trata-se de um diário da própria existência.
Escrever e ler os movimentos do CsO opera um conhecimento de si onde o sujeito se apropria de uma verdade que não conhecia e que não residia nele como um dado em si. Uma arte da verdade imanente e díspar que combina a autoridade da coisa já vivida com a singularidade da própria existência que nela se afirma e a particularidade das circunstâncias que determinam seu uso.
Quando analisamos aqui o trecho de um diário de CsO, percebemos que uma simples atividade do cotidiano é transformada em uma pesquisa corporal que potencializa o seu uso na relação consigo e com o outro. Nesse exemplo a arte de si mesmo se articula ao governo de si e dos outros, numa dimensão ética e estética, mas também política da vida.
Por fim, a prática de poder libertar o corpo de seus automatismos e escrever e ler sobre – e sob – a intensidade do CsO já agencia em si a sua função transformadora de reinvenção do sujeito. A arte do diário de CsO, portanto, nos oferece um movimento em direção a uma ética pessoal que encontra na vida e na liberdade a própria estética da existência.

NOTAS
1 De acordo com Foucault a stultitia pode ser caracterizada pela agitação, instabilidade, volatilidade e fragilidade diante dos acontecimentos que se produzem, além da perda de atenção com presente devido à preocupação com o futuro (FOUCAULT, 1983a, 150).
2 Termo utilizado pelos eutonistas (HEMSY DE GAINZA, 1997) e aplicado livremente aqui às demais técnicas corporais citadas.

REFERÊNCIAS
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GIL, J. Metamorfoses do corpo. Lisboa: Relógio D'Água, 1997. [ Links ]
HEMSY DE GAINZA, V. Conversas com Gerda Alexander: vida e pensamento da criadora da Eutonia. Tradução de Cíntia A. de Carvalho. São Paulo: Summus, 1997. [ Links ]
TEIXEIRA, L. Conscientização do movimento: uma prática corporal. São Paulo: Caioá, 1998. [ Links ]


Recebido em: junho de 2007
Aceito em: março de 2008

Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons
Editora da Universidade Federal Fluminense
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Sublime!

11:58:00 AM





INSTITUTO NINA ROSA


o site do instituto, COM vários textos



http://www.facebook.com/l/sAQAH7tudAQCUYy3JRgUpez0o3hOIsVn1NjvyhHn2jhewqA/www.institutoninarosa.org.br/

Contra o sofrimento animal!

11:54:00 AM


O veneno está à mesa

sábado, agosto 13, 2011 11:33:00 AM




"O VENENO ESTÁ NA MESA "
do Flora da serra - Raízes da Mantiqueira de Flora Maria

Mais uma TEIA AMBIENTAL, desta vez para dizer que estamos sendo envenenados !!!

Para quem tem dificuldade em participar da Teia por falta de assunto, volto a repetir que é apenas ler os noticiários sobre o que está acontecendo no mundo e terá um farto material para a postagem !

O VENENO ESTÁ NA MESA, documentário do cineasta Silvio Tendler, foi feito para a Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, e mostra em apenas 50 minutos os enormes prejuízos causados por um modelo agrário baseado no agronegócio. Os venenos utilizados nas plantações agridem o meio ambiente e causam sérios riscos à saúde, não só dos que consomem os alimentos, como também dos agricultores que os produzem.
E quem ganha com isso ?
As grandes empresas transnacionais, como a Monsanto, Syngenta, Bayer, Dow, DuPont, dentre outras.

Quando eu vim para S. Lourenço, e fui morar num sítio, comecei meu aprendizado sobre a terra, as plantas, e a vida natural. Li bastante, e descobri que existia a agricultura orgânica, aquela que sempre existiu no mundo, por milhares de anos.


A chamada Revolução Verde do pós-guerra acabou com essa agricultura tradicional. No lugar, implantou um modelo que ameaça a fertilidade do solo, os mananciais de água e a biodiversidade, contaminando pessoas e o ar. E o Brasil é o país do mundo que mais consome venenos !
Apesar do quadro negativo, o filme aponta o caso de Adonai, um jovem agricultor que individualmente faz questão de plantar o milho sem veneno, enfrentando inclusive programas de financiamento do governo que tem como condição o uso desses agrotóxicos.
Outro exemplo vem da Argentina: em 2009, a presidenta Cristina Kirchner ordenou à ministra da saúde, Graciela Ocaña, a abertura de uma investigação oficial sobre o impacto, na saúde, do uso de agrotóxicos nas lavouras.

Enquanto isso, no Brasil, há incentivo fiscal para quem usa esses produtos, gerando uma contradição entre a saúde da população e a economia do país, com privilégio da segunda.
As transnacionais dos venenos trabalham para que seus produtos não sejam retirados do mercado no Brasil, mesmo sendo proibidos no exterior:
“Primeiro, tentam desqualificar nossos argumentos com pesquisas científicas mostrando que os agrotóxicos não fazem mal; depois, recebemos pressão diretamente de deputados ligados à bancada ruralista; por fim, entram com ações na justiça para continuar a venda dos agrotóxicos.”


Dizem que a agricultura orgânica não daria conta de alimentar a população.
"Se a agricultura orgânica for entendida como aquela em que se tira a química e pronto, isto é fato", diz Ana Maria Primavesi, referência mundial em manejo ecológico dos solos.
Porém, se o solo for vivo e alimentado para sustentar grande diversidade de organismos, este produzirá plantas saudáveis, em quantidade, ao mesmo tempo que dispensará os agrotóxicos. A conclusão de Primavesi, que também é produtora, é confirmada na prática pelo depoimento do agricultor do interior paulista que tira 15 toneladas de alimentos por ano de cada um dos 20 hectares que cultiva sem venenos e adubos químicos.
Aqui em S. Lourenço existe a Associação Permacultural Montanhas da Mantiqueira, e em sua feira dos sábados, ou na loja do Mercado Municipal, podemos encontrar produtos orgânicos.

Do Rio Grande do Sul vem o exemplo do produtor familiar que recriou sua própria semente de milho crioulo após ter perdido as variedades tradicionais que cultivava, substituídas pelas híbridas.
Esse caminho cada vez mais confirma sua viabilidade. Faltam agora as políticas certas que farão crescer a agricultura que vai tirar o veneno da mesa.

Vejam aqui o documentário:
http://www.youtube.com/watch?v=WYUn7Q5cpJ8 (Parte 1)
http://www.youtube.com/watch?v=NdBmSkVHu2s&feature=related (Parte 2)
http://www.youtube.com/watch?v=5EBJKZfZSlc&NR=1 (Parte 3)

http://www.youtube.com/watch?v=AdD3VPCXWJA&feature=related Parte 4)

As casas de madeira, multifamiliares e as geminadas

sexta-feira, agosto 12, 2011 7:41:00 PM

Maringá. O direito à cidade I. Uso e ocupação do solo. As casas de madeira, multifamiliares e as geminadas.


Nos idos de 1977 o Prefeito de Maringá era João Paulino Vieira Filho, e como chefe do executivo foi autorizado, pela câmara municipal, a fornecer planta popular para construção de casas de alvenaria, mista e madeira (1), cujas dimensões não poderiam ultrapassar a área de 60,00 m2. Tal possibilidade tinha o respaldo técnico do ato normativo de nº 21 do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura.

Naqueles anos a cidade expandia-se, tanto na sua influência regional, como crescia seu espaço urbano e a demanda por moradias. Isto em razão de uma forte migração rural.

Assim, a questão dos lotes urbanos para fins de uso residencial, por uma ou mais famílias, foi disciplinado em Lei Complementar de nº 1.736/83. Haja vista, que o lote urbano passou a receber como prática sua subdivisão de fato, para assim atender a demanda de acesso á moradia pelos migrantes. Os quais construíam suas casas, com base na madeira e agrupadas num mesmo lote.

Em razão dessa nova dinâmica social o legislativo municipal aprovou a Lei Complementar de nº 1.736/83, na qual se determinou que na Zona Residencial 1 somente fossem admitidas habitações unifamiliares. E que se tolerava a bifamiliaridade na ZR 1 de acordo com as especificações contidas no Código de Obras e Lei de Zoneamento.

Definindo-se para efeitos dessa Lei que unifamiliar era quando havia apenas a moradia de uma família (2) em cada lote.

Além do mais, em 1984, a possibilidade de construção de casas de madeira foi proibida parcialmente. Admitindo-se que estas somente poderiam ficar restritas a poucas áreas da cidade.
Não mais sendo autorizadas nos loteamentos para cuja aprovação era obrigatória a execução da pavimentação asfáltica (3) .

No decorrer das alterações às normas relativas aos padrões de uso e ocupação do solo, para as zonas urbanas do município, a Lei Complementar 03 de 1991 (4) , não aportou normas específicas relacionadas com as casas de madeira. No entanto, manteve a diretriz de somente serem admitidas habitações unifami1iares na Zona Residencial 1.

Sendo que na Lei Complementar 46/94, as alterações foram singelas, nesse tópico. Por um lado ganhou nova redação o artigo que tratava da “Zona Residencial 1”, passando de: “Constituída por imóveis onde somente serão admitidas habitações unifamiliares”; para: “Zona Residencial 1, constituída por imóveis destinados a habitação Unifamiliar”.

Por outro parte, porém, se observamos o ANEXO 6. REQUISITOS URBANISTICOS PARA OCUPACÃO DO SOLO desta lei (5) , poderemos constatar que o legislador desenvolveu estratégia mais ampla de controle do uso do solo urbano.

Este controle passou a ser efetivada por um conjunto de indicadores, que terminavam restringido as estratégias seguidas pelos citadinos, na busca do acesso à moradia, notadamente os das casas bifamiliares (6) .

Dois exemplos do citado Anexo 6 para ilustrar:
1.- Obs. (8) - Para residência unifamiliar, a taxa de ocupação poderá chegar a 70% (setenta por cento) no máximo;

2.- Obs. (10) - bifamiliaridade. - terrenos com área > 300,00 m2 (maior que trezentos metros quadrados)

Assim, a restrição indireta á propriedade se instrumentalizava pelas vias do máximo da taxa de ocupação e dimensão mínima do lote (7).

Destacamos que uma importante inovação veio em 1999, com o advento da Lei Complementar 335/99, que além da já definida unidade unifamiliar, incorporou, conforme o tipo de atividade a que se destinam (USO) as classificações de:

Populares: quando possuírem coeficiente-leito igual ou inferior a 10 (dez);

Multifamiliares: quando corresponderem a mais de uma unidade por edificação no mesmo lote, agrupadas em sentido horizontal ou vertical, e dispondo de áreas e instalações comuns que garantam o seu funcionamento; (grifou-se)

Geminadas: quando forem contíguas e possuírem parede comum; (grifou-se)

Veja-se que o termo multifamiliar já havia sido utilizado na Lei Complementar 1.736/83, art. 2º, inc. IX. Quando se diz que “multifamiliar ou coletiva, é quando, em cada lote, se permite a moradia de mais de uma família”, sendo que na lei 335/99 incorporou-se a esse conceito o elemento verticalização.

Esse elemento destaca a forma de apropriação do solo, no qual se implanta, no lote, um edifício de apartamentos, sendo que o termo “multifamiliar” admite também o agrupamento horizontal, ou seja, as casas geminadas.

Especificando para estas últimas um nome próprio e adicionando, na sua definição, a de ser “contíguas e possuírem parede comum”.

Fato esse que não destoa em absoluto, no sentido material, de um apartamento, mas, de um apartamento na horizontal, que alias já estava incluso no conceito de Multifamiliar.
Na lei de 1999 também se disciplinou, conforme o tipo de atividade (USO), a questão das garagens.

Especificamente no Art. 95, afirmando-se que “É obrigatória a adoção de espaços destinados a garagem ou estacionamento de veículos nas edificações”, devendo estar em proporção para uso privativo dos usuários da edificação.

Determinaram-se, dessa forma quantidades mínimas de vagas, conforme o tipo de USO (atividade a que se destinam).

Assim, se comparamos as exigências às residências geminadas e as estabelecidas para os apartamentos dos edifícios, quanto ao número de vagas exigidas, por unidade construída, temos o quadro a seguir:






Diga-se então, que se consideramos a distribuição territorial dos habitantes da cidade, sejam, moradores de prédios de apartamentos ou casas geminadas, e incluímos nisto o fato que nesta cidade há um carro por habitante. Verificamos, de imediato, que a demanda por vagas não é inerente as casas geminadas.

Uma vez que os prédios de apartamento, por estarem na concentração vertical do solo, apresentam, sempre, exigência de maior número de vagas de estacionamento, por metro quadrado.

Havendo mais apartamentos, há mais carros e assim maior pressão nas vias (8).

Por tanto, indicar que a ocupação do solo urbano por casas geminadas, implica na transposição de um problema de estacionamento” (9) , não parece dedutível dos fatos acima trazidos.

Tal argumento deve ser visto mais como um véu que defuma a questão principal, que está centrada na natureza histórica da restrição á moradia, por meio do controle do uso e ocupação do solo. Nessa seara se visualiza um evidente aparelhamento do campo legislativo.


Notas.
(1).- LEI Municipal 1.175 1977 - Lei Ordinária
(2).- Lei Complementar 1.736/83 art. 2º inc. VIII, IX. , sendo a multifamiliar ou coletiva, quando, em cada lote, se permite a moradia de mais de uma família.
(3).- Na época o Prefeito municipal era o médico Said Felicio Ferreira sendo Secretário de Planejamento urbanismo e habitação, o engenheiro Remiggio Fondazzi.
(4).- Plano Diretor Integrado de Desenvolvimento.
(5).- Lei Complementar 46/94
(6).- Deve-se considerar que a estrutura fundiária urbana havia sido estabelecida na fundação da cidade (1947), e que as legislações urbanísticas vinham frequentemente incidindo nas dimensões dos lotes de terras.
(7).- Vale observar que a mudança da legislação dos usos e ocupação do solo urbano repercute diretamente nos preços do solo. Nesse sentido podem ser verificados saltos quantitativos importantes no valor comercial do solo em Maringá, que se comporta de forma independente do movimento do mercado nacional.
(8).- Esta é a realidade local. Evidente, que a pressão sobre a malha viária urbana está em relação aos quantitativos de deslocamento e densidade populacional.
(9).- “Silvio Barros: cidade não precisa das geminadas”. O Diário Norte do Paraná. Silvio Barros (PP)Prefeito de Maringá. Atualizado em 04/08/2011 às 20:19.

Indignai-vos!

sexta-feira, junho 10, 2011 12:31:00 PM



03.06.11 - América Latina
Dia do Meio Ambiente: mineradoras ameaçam áreas de proteção

Camila Maciel
Jornalista da Adital
Adital
Neste domingo
(5), comemora-se o Dia Internacional do Meio Ambiente. Instituída pelas Nações Unidas, mais do que comemorar, a data tem como objetivo estimular o debate mundial sobre a questão ambiental e incentivar ações públicas. Instalação de mineradoras em áreas de proteção, desmatamento, poluição de recursos hídricos, são desafios postos para diversos países da América Latina e que ameaçam a vida no planeta.

Na Argentina, uma das lutas encampadas pelo movimento ambientalista é a proteção das áreas glaciares, que vem sendo ameaçada pela exploração de mineradoras. Apesar da aprovação da Lei de Glaciares, no ano passado, a lei está sofrendo contestações judiciais, o que dificulta a sua implementação. A Lei não pode ser aplicada na cidade de San Juan, por exemplo. A empresa mineradora canadense Barrick Gold é a autora das contestações.

De acordo com Hernán Giardini, ativista do Greenpeace Argentina, não há vontade política para acelerar o processo que viabilize a efetiva aplicação da Lei. Ele aponta, como ações urgentes, a realização do inventário nacional de glaciares e de auditorias ambientais nas empresas mineiras.

No mês de maio, organizações ambientais solicitaram à Corte Suprema da Nação na Argentina a interrupção das atividades do projeto Pascua-Lama, da Barrick Gold. O projeto em Pascua-Lama é binacional, Chile e Argentina, e consiste na abertura de uma mina de ouro nos glaciares dos dois países.

Formação de escombros nas montanhas, poluição de recursos hídricos fundamentais, utilização de produtos químicos na separação dos metais estão entre as principais ameaças elencadas pelo ativista. "São regiões secas e os recursos hídricos estão ameaçados pela presença das mineradoras”, ressalta Hernán. Ele lembra que a atividade de mineração utiliza cerca de 370 litros por segundo de água.

Nesse sentido, além dos ambientalistas, a atividade também sofre resistência por parte dos pequenos agricultores e vinícolas, que receiam a poluição dos recursos hídricos, essenciais para a produção. Outra preocupação destacada por Hernán Giardini é a ameaça de abalos sísmicos, tendo em vista que são muitas explosões em busca de "algumas gramas de ouro”.

Problema similar ao que se vive na Argentina também é vivido em países como Chile e Peru. Na região peruana de Puno, por exemplo, um grande movimento de camponeses e indígenas interrompeu, por pelo menos por um ano, a aprovação do estudo de impacto ambiental da mineradora Santa Ana. O ativista do Greenpeace lembra que grande parte das empresas de exploração de minério é estrangeira, sendo a maioria canadense.

Para pressionar o governo argentino, o Greenpeace está juntando assinaturas em meio eletrônico, o qual já reúne mais de 200 mil apoios. "É preciso que esse processo de destruição seja detido imediatamente. A Lei de Glaciares deve começar a ser executada sem mais demoras”, diz o texto de convocação no site.

Hérnan reforça outros temas trabalhados pela organização que também são essenciais para salvaguardar o planeta, como reflorestamento da Amazônia, proteção dos recursos hídricos, mudanças climáticas. No marco do Dia do Meio Ambiente, ele também reforça algumas ações cotidianas que podem fazer a diferença: trocar as lâmpadas incandescentes pelas de baixo consumo; utilizar transportes sustentáveis e coletivos, como bicicleta e ônibus; e usar somente produtos com certificação de responsabilidade ambiental.

Além dessas ações, o ambientalista sugere que seja exigido dos candidatos, nas eleições de cada país, um plano de desenvolvimento ambiental. Ele também convoca a todos a engajarem-se nas campanhas que propõem um mundo sustentável para as atuais e futuras gerações.

Para mais informações ou para assinar o manifesto: http://www.greenpeace.org.ar/




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Morte das florestas Brazil

12:27:00 PM



Artigos - Opinião
Movimentos Sociais

Políticas

ADITAl 09.06.11 - Brasil
Uma espada paira sobre nossas florestas

Greenpeace
ONG Ambientalista
Adital
Um estudo do IPEA divulgado na manhã de hoje desmascara o que os ruralistas tentam esconder a todo custo.


(c) Greenpeace / Rodrigo Baleia

O texto do Código Florestal aprovado na Câmara irá mesmo causar mais desmatamentos e anistiar quem descumpriu a lei, comprometendo nossos recursos naturais e favorecendo principalmente os grandes proprietários de terra.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é uma fundação pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. O estudo teve como objetivo avaliar os possíveis impactos do PL 1.876/99-C sobre as áreas de Reserva Legal (RL) no Brasil.

"Há tempos denunciamos que os ruralistas fizeram um texto para anistiar o crime ambiental e estimular o desmatamento. O estudo divulgado pelo IPEA confirma e põe números ao que vínhamos dizendo”, afirma Marcio Astrini, coordenador da campanha da Amazônia.

Veja abaixo alguns números apresentados pelo Estudo e suas consequências, caso o texto aprovado entre em vigor:

Aumento do Desmatamento em 47 milhões de hectares

O estudo considerou a hipótese de que a mudança da lei poderá influenciar desmatamentos futuros nas áreas isentas de reserva legal, levando a uma perda total da vegetação dessas áreas que deixarão de ser averbadas e ter assim proteção legal. A perda total de área de reserva legal, relativa aos imóveis de até quatro módulos fiscais, poderá chegar a 47 milhões de hectares. A maior parte dessa área ocorrerá na Amazônia com 24,6 milhões de há (53%).

Anistia = 29,6 milhões de hectares

135,7 milhões de hectares, correspondente à área dos imóveis de até quatro módulos fiscais, deixarão de compor a base de cálculo para recuperação de RL. O passivo total estimado isento de ser recuperado é de 29,6 milhões de hectares, sendo que a maior parte deste passivo ocorreu na Amazônia e é de 18 milhões de ha (61%).

Premiando quem desmatou

"... anistiar os passivos e obrigar, sem nenhum benefício compensatório, a manutenção das RLs daqueles que cumpriram a lei vigente, sinalizaria que há a possibilidade de se beneficiar, no futuro, do descumprimento da legislação fundiária ou ambiental.

(...)

"A alteração do PL 1.876/99 apresenta outra implicação relevante: a anistia de recomposição das áreas de reserva legal pune o proprietário rural que está cumprindo a legislação atual, uma vez que haverá uma tendência de desvalorização do seu imóvel”.

PL dos Ruralistas – De braços dados com o aquecimento global

A pesquisa estimou que a quantidade de carbono que pode deixar de ser retida, caso os passivos de reserva legal hoje existentes nos imóveis de até quatro módulos fiscais sejam anistiados, é de 3.1 bi de tC. O bioma Amazônico seria onde a maior parte do carbono deixaria de ser incorporado à vegetação.

O documento ainda aponta que: ¨Os resultados obtidos neste estudo indicam que a alteração proposta no PL 1876/99 para as áreas de RL impactarão significativamente sobre a área com vegetação natural existente nos biomas brasileiros e sobre os compromissos assumidos pelo Brasil para redução de emissões de carbono.¨

O texto dos ruralistas não interessa á agricultura familiar

O estudo ainda questiona a serventia do texto aprovado á agricultura familiar. Segundo o texto, a lógica de permitir mais desmatamentos para a implementação da agropecuária convencional e de baixo valor por área não seria a melhor solução econômica para pequenos imóveis. Ao contrário, aponta que o uso econômico da floresta seria muito mais rentável á este tipo de agricultor:

"Ao prever a possibilidade de uso econômico das reservas legais, o Código Florestal reconhece a potencialidade dessas áreas para o desenvolvimento econômico sustentável. Em primeiro lugar, são atividades ambientalmente adequadas, uma vez que necessitam que a vegetação seja preservada, o que permite seu uso permanente. Em segundo, sistemas sustentáveis de exploração da floresta são intensivos em mão-de-obra, consistindo, portanto, num potencial gerador de empregos e de desenvolvimento da agricultura familiar. Em terceiro, fornecem mais segurança econômica ao produtor, em virtude da diversificação e da menor incidência de pragas, comuns na monocultura. Em quarto, podem ser altamente rentáveis, podendo apresentar rendimentos por área mais elevados do que a agropecuária convencional para o pequeno produtor.

Os estabelecimentos agropecuários, sobretudo a pequena propriedade familiar, deveriam ser estimulados a conservar e recuperar suas reservas legais de forma a auferir rendimentos mediante o uso sustentável da floresta. Esse incentivo poderia vir por meio de políticas de estímulo ao uso sustentável da reserva legal".

UNB

Nesta segunda feira, pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB apresentaram projeções sobre o aumento do desmatamento para o ano 2020 também levando em consideração o texto dos ruralistas aprovado na Câmara. Resultado: do jeito que está, o texto poderá provocar um desmatamento 47% maior que o previsto para 2020. Já se a legislação atual fosse mantida e o Estado aumentasse a fiscalização, o desmatamento seria 25% menor que o projetado para os próximos 10 anos.

Desde o início dos debates sobre o Código Florestal, a bancada da motosserra sempre lutou para manter cientistas e estudiosos fora deste debate. Agora sabemos o porquê: eles colocam no papel a verdade sobre as reais intenções dos ruralistas.

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Fora, Aldo Rebelo! Volte para casa!

12:24:00 PM



Contra!

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Contra o código florestal !!!!

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Aldo Rebelo, o descódigo florestal!



Coma ajuda do Aldo Rebelo ....

10:29:00 AM



Código permite derrubar mata nativa em área igual ao PR



UOL NOTÍCIAS, 19 DE MAIO DE 2011



São Paulo - As mudanças nas regras de preservação de mata nativa nas propriedades rurais, que constam do novo Código Florestal aprovado pela Câmara, ampliam em 22 milhões de hectares a possibilidade de desmatamento no País - o equivalente ao Estado do Paraná. O número representa as áreas de reserva legal que poderão ser desmatadas legalmente caso o texto seja aprovado no Senado e sancionado pela presidente Dilma Rousseff.



Os cálculos foram feitos a pedido da reportagem pelo professor Gerd Sparovek, do Departamento de Solos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), com base no texto do relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) e na emenda 164, aprovados na Câmara na terça-feira. A conta leva em consideração a dispensa de recuperação da reserva legal, que é a área, dentro das propriedades rurais, que deve ser mantida com vegetação nativa e varia de 20% a 80% das terras.



O texto aprovado na Câmara agradou à bancada ruralista, mas desagradou às entidades científicas, aos ambientalistas e ao governo - a presidente disse que poderá vetar parte da proposta, que, entre outros pontos, anistia produtores rurais que desmataram até 2008 e diminui as áreas de vegetação nativa em encostas e margens de rios. Também retira a proteção de áreas sensíveis, como restingas e mangues.



"O texto consolida a área agrícola do Brasil exatamente como ela está atualmente", diz Sparovek. Ele explica que isso atende às reivindicações dos produtores rurais, mas torna difícil a conciliação entre produção agrícola e ambiente. "O novo Código permite que nenhum hectare daquilo que já foi desmatado precise ser restaurado", analisa.



Além da reserva legal, o novo Código aprovado na Câmara também retira proteção das Áreas de Preservação Permanente, as APPs, que são as margens de rios, encostas, topos e morros e vegetação litorânea, como mangues e restingas. Segundo o texto de Rebelo, as APPs ocupadas com agricultura ou pecuária não precisam mais ser recuperadas com vegetação nativa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Braziu!

quarta-feira, maio 25, 2011 10:58:00 AM





Daqui

MPF pede à PF que siga investigação da morte de ambientalistas no Pará
Casal foi morto a tiros em estrada na Zona Rural de Nova Ipixuna, no Pará.
Vítimas tinham denunciado madeireiros que desmatavam áreas ilegalmente.
Do G1, em São Paulo

Casal de ambientalistas morto a tiros em estrada
no Pará (Foto: Divulgação/Arquivo CNS)



O Ministério Público Federal (MPF) do Pará enviou um ofício para pedir à Polícia Federal que acompanhe as investigações sobre a morte do ambientalista José Cláudio Ribeiro da Silva e de sua mulher, Maria do Espírito Santo. Os dois foram mortos na manhã desta terça-feira (24), em Nova Ipixuna, no Pará.

Segundo o delegado Marcos Augusto Cruz, o casal foi morto a tiros em uma estrada na Zona Rural do município. As vítimas estavam em uma moto e teriam sido abordadas pelos criminosos ao reduzir a velocidade para cruzar uma ponte. Segundo o MPF, o advogado José Batista, da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, afirmou que o ambientalista teve a orelha cortada pelos assassinos.

Antes do pedido do MPF, a presidente Dilma Rousseff já tinha determinado que a Polícia Federal investigasse o assassinato. Segundo o Planalto, Dilma ficou sabendo do crime pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que tomasse providências necessárias junto à Polícia Federal.

O casal havia informado ao MPF em Marabá (PA) nomes de madeireiros de Jacundá (PA) e Nova Ipixuna (PA) que invadiam as terras de assentamentos para retirar madeira ilegalmente. O MPF encaminhou as denúncias à Polícia Federal e ao Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Um inquérito já havia sido aberto para investigar as madeireiras da região.

O Ibama já tinha feito vistorias, detectado a extração ilegal de madeira e feito a interdição de serrarias na área. De acordo com o MPF, a pressão para retirada e venda ilegal de madeira é grande sobre os assentamentos no Pará por causa da demanda por carvão para a siderurgia.

Os corpos das vítimas foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) de Marabá. O enterro deve ocorrer nesta quarta-feira (25).

BRASIL: o novo código florestal

10:54:00 AM



E no Brasil

sábado, maio 21, 2011 10:05:00 AM



(com a ajuda do PC do B)

E na Amazônia

10:04:00 AM



Marcadores:

Porque hoje é sábado!

10:03:00 AM



Eco cama



É de 2007 UMA LUTA DO POVO DE SANTARÉM CONTRA A CARGILL
do Blog http://amazoniavivasantarem.blogspot.com


Amazonia Viva Santarém
4/13/2007
Movimentos sociais de Santarém divulgam manifesto contra a ilegalidade do Porto da Cargill em Santarém

Leia a Carta da Frente de Defesa da Amazônia.

A Frente em Defesa da Amazônia (movimento popular organizado de Santarém)
luta em favor da rigorosa obediência à legislação ambiental brasileira e pelo fiel
cumprimento da sentença judicial contra a multinacional Cargill Agrícola S/A.
Mais do que ambientalistas, somos amazônidas. Por isso, somos responsáveis,
junto com todos os brasileiros e brasileiras conscientes do valor da Amazônia,
com seu ecossistema e pelo cuidado com o uso de nossas riquezas, sem destruir
o meio ambiente.

Por conta dessa responsabilidade, combatemos os crimes e os criminosos, que
chegam à Amazônia, exploram, enriquecem, saqueiam nossa biodiversidade e
prejudicam o ecossistema da região.

Os principais invasores e criminosos da Amazônia são as mineradoras, as
madeireiras e o agronegócio, principalmente os sojeiros. Estas empresas não só
retiram as riquezas, como levam os lucros para fora da região, não contribuindo
para um real desenvolvimento humano dos 23 milhões de brasileiros (as) que
vivem na Amazônia.

A multinacional Cargill Agrícola S/A é uma das causadoras dos prejuízos ao nosso
ecossistema. Violando a constituição brasileira essa empresa se instalou aqui, em
frente à cidade de Santarém. Em 1999, iniciou a destruição de uma praia popular,
privatizou uma parte do rio Tapajós, iniciou a construção de um enorme armazém
de estocagem de grãos e um porto fluvial capaz de encher um navio de 50 mil
toneladas de grãos em apenas 72 horas. Já naquele ano, a Frente de Defesa da
Amazônia e outros grupos da sociedade civil de Santarém denunciaram aquela
violação da Constituição brasileira pela empresa de capital norte-americano. A lei
exige um Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) para que se avalie -
previamente - a viabilidade da construção de uma obra do porte do porto da
Cargill. O Ministério Público Federal (MPF) acatou nossa denúncia e abriu
processo judicial contra a multinacional.

Confiante na conivência espúria do governo do Estado (à época, Almir Gabriel),
que lhe concedeu ainda no ano 1999 uma licença de construção, a Cargill ignorou
o aviso do MPF e continuou sua obra de destruição ambiental. No ano
2000,Dimes Costa,Juiz Federal em Santarém, determinou a paralisação da
construção e a realização do EIA-RIMA. Estranhamente, o IBAMA não interveio na
questão, como era de seu dever de ofício.

A Cargill interpôs liminar, após liminar, foi adiando o julgamento final de seu delito.
Em 2003, concluiu a construção de seu complexo portuário, o "monstro do lago
Ness... isto é, do rio Tapajós". De 2003 a 2006, a Cargil já exportou 2 milhões de
toneladas de soja pelo porto ilegal.

O porto operando a todo vapor, atraiu sojeiros do Mato Grosso e do Sul do país.
Com farto financiamento dos bancos estatais (do Brasil e da Amazônia), além de
da própria Cargill, chegaram e se apropriaram do que puderam de terras da
produção familiar da região. As famílias eram seduzidas com aviltantes ofertas por
seus pequenos lotes plantados com mandioca, milho, feijão e fruteiras. Quando
resistiam a essa "expulsão branca", eram expropriadas com uso de violência.
Os roçados, as florestas e a vida de centenas de agricultores familiares foram
postas abaixo e, em seu lugar, com soja e soja. Os lotes, antes de 75 ou 100
hectares, foram crescendo para cultivo da soja: 400, 1.500, 2.400 hectares....
Depois da terra dos pequenos agricultores, terras já "amansadas", partiram para
terras públicas, grilando imensas áreas de florestas primárias derrubando-as a
trator. Hoje são mais de 18 mil hectares de terras cultivadas com a monocultura da
soja, só na região de Santarém. E isso, sem contar outros tantos milhares de
hectares que hoje estão sendo preparados para a soja com o cultivo de arroz.
Para agravar a agressão, os sojeiros poluíram a terra, os igarapés e córregos com
inseticidas, herbicidas e outros agrotóxicos altamente venenosos. Tudo isso
acontecendo frente à inanição do Ibama e da Polícia Federal.

Em 2006, o Tribunal Federal Regional sentenciou uma das duas ações que
tramitavam sobre o porto da Cargill em Santarém. O caso Transitou em Julgado e
a ré foi obrigada a respeitar a lei brasileira, ou seja, a paralisar o porto e realizar o
EIA-RIMA. Ela ainda continuou desobedecendo a sentença até janeiro deste ano
2007, quando finalmente foi obrigada a fechar o porto ilegal.

Agora, novamente, a multinacional se faz de vítima ante o julgamento da segunda
ação que tramita e que deve acontecer neste dia 16/04. Imagine se uma empresa
brasileira ousasse iniciar uma obra deste porte e desta forma, lá em terras norte
americanas, o que aconteceria imediatamente? Não se pode imaginar o quanto é
gratificante para nós, amazônidas da Frente em Defesa da Amazônia, saber que a
justiça tarda, mas funciona. Só esperamos que logo mais se confirme a primeira
sentença já executada.

Santarém, 11 de Abril de 2007

FRENTE EM DEFESA DA AMAZÔNIA (FDA)

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Reinvente!

domingo, maio 08, 2011 10:07:00 AM

De algum lugar de Portugal (foto)

Street art utopia

10:06:00 AM




Homem e natureza


quem separa?


quem ata?


quem desata?


Arte

10:02:00 AM

Tirania, Albânia, cerca de 230 mil rolhas em arte

Biciclopedia

10:00:00 AM








Natureza colorida

10:00:00 AM





Natureza colorida

9:58:00 AM



Calendário cósmico

9:53:00 AM



Esqueci-me de onde cap-tirei esse calendário cósmico. Você poderá vê-lo no livro de Carl Sagan, Os dragões do Éden. Os primeiros hominídeos apareceram as 12h do dia 31 de dezembro. O modelo é elaborado assim: se tomarmos a teoria do Big Bang temos 15 bilhões de anos para a formação do nosso Universo. Divida 15 bilhões de anos por 12 meses de nosso calendário. E você saberá - hipoteticamente - claro, como se deu a origem do sistema solar, dos planetas, das espécies animais e vegetais.

Eu já vi essa história

9:50:00 AM



Código brasileiro: ruralistas e PC do B na luta contra as florestas.

Ama-zona brasileira

9:48:00 AM



Ontem assisti ao documentário A terra vista de cima. Chocante a parte do Brasil. Soja na Amazônia. Destaque para o padre Edivaldo Lima. Lá na Amazônia onde ninguém sabe, ninguém viu.

Indicadores de sustentabilidade urbana sob uma abordagem epidemiológica: a cidade de Maringá, no Brasil

domingo, abril 17, 2011 11:44:00 PM

Resumo:
Tendo como problemática a contradição entre o desenvolvimento urbano e a conservação ambiental, a estratificação socio-econômica emerge como um campo privilegiado para o estudo da durabilidade do nível de vida. Esta é uma das razões que levaram à escolher Maringá como caso de pesquisa. A questão é saber quais indicadores de sustentabilidade urbana permitem identificar os bairros mais próximos do equilíbrio entre qualidade de vida humana e equilíbrio ecológico. A hipótese de fundo supõe uma relação entre a sustentabilidade e uma consciência de interdependência socio-ambiental. Utilizando uma abordagem épidemiológica não antropocêntrica, esta pesquisa contribui com o debate sobre a sustentabilidade urbana oferecendo um quadro téorico e um modelo sistêmico para a construção de indicadores de durabilidade urbana, propondo e examinando alguns indicadores. Os resultados mostram uma classificação de sustentabilidade que diverge da estratificação socio-econômica evidenciadas pelo IDH. Esta classificação, verificada na escala dos bairros amostrados, Conjunto Residencial Inocente Villanova Junior e Zona 05, utilizando a análise estatística de correlação entre os indices de pegada ecológica, satisfação de renda, integração social, habitos de saúde e massa corporal identificam uma forte influência entre a renda e a pegada ecológica. Porém, 10% das famílias mostram que é possível reduzir a pegada ecológica a um valor sustentável mesmo obtendo renda familiar de até 3000 reais. Os resultados apontam a necessidade de outros dados para afinar o modelo proposto.

Palavras-chave: análise socio-éconômica, indicadores de sustentabilidade urbana, abordagem epidemiológica, comunidades saudáveis, cidades tropicais sustentáveis, Maringá - Brasil

A tese completa está disponível aqui, em pdf. Em breve será disponível no acervo Papyrus da Université de Montréal, acessível aqui.

Críticas e sugestões são bem vindas.

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TEIAS .............

quarta-feira, abril 13, 2011 12:06:00 PM

PAQUISTÃO AQUI: http://br.noticias.yahoo.com/fotos/aranhas-fazem-teias-em-%C3%A1rvores-photo.html
As estranhas teias em árvores parecem ter um lado positivo: elas diminuíram a incidência de mosquitos (Foto: Russell Watkins/Department for International Development)...

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Viva João!

domingo, abril 10, 2011 8:31:00 PM




João do vale, Maravilha brasileira!

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João do Vale: tesouro brasileiro!

8:26:00 PM




Carcará, João do vale Chico Buarque

Ui, que sono!

8:18:00 PM


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Elomar, casa dos carneiros

8:16:00 PM


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Street art utopia

8:12:00 PM


Arte ...

8:11:00 PM

com restos... de Bradford

Abaixo a mesmice!

8:10:00 PM

Viva F. Hundertwassen .................


LE MONDE
Johannesburgo é envenenada por águas tóxicas

Sébastien Hervieu
Krugersdorp (África do Sul) Seja o primeiro a comentar
O subsolo da região, que virou um queijo suíço, foi explorado durante mais de um século devido à extração do ouro

As raízes das rosas que cercam o lago estão laranja, da cor do ferro que ali se depositou. A água é turva. Faz anos que os animais do parque protegido de Krugersdorp, a oeste de Johannesburgo, não vêm mais beber aqui. O coquetel é tóxico, composto por ácido sulfúrico, metais pesados e elementos radioativos. Dois hipopótamos estão ficando cegos, segundo especialistas.

“Cada vez que eu venho, fico revoltada, não consigo acreditar que nada está sendo feito”, conta Mariette Liefferink, diretora da Federação do Meio Ambiente Sustentável (FSE). A alguns quilômetros de lá, a água poluída começa a se infiltrar nas grutas do “Berço da Humanidade”, onde foram descobertos vários fosseis de hominídeos. O sítio faz parte da lista do Patrimônio Mundial da Unesco desde 2000.

Daqui a um ano, se nada for feito, os 4 milhões de habitantes de Johannesburgo, capital econômica da África do Sul, poderão constatar com seus próprios olhos o escoamento dessa água tóxica em sua cidade, a drenagem ácida de minas, e assim pagar o preço daquilo que fez a riqueza de “Egoli”, “a cidade do ouro”. Durante quase 120 anos, as companhias mineradoras exploraram o subsolo da região para dela extrair o precioso metal. Mas no final dos anos 1990, as últimas minas fecharam e as bombas que serviam para manter secas as galerias perfuradas foram parando de funcionar. Em um subsolo que virou um grande queijo suíço, a água das chuvas reapareceu, e depois voltou a entrar em contato com o ácido sulfúrico presente ao longo das paredes, resultante da oxidação da pirita (um sulfeto de ferro).

Já em 1996 as autoridades sul-africanas haviam sido alertadas de que a oeste de Johannesburgo, onde se situa o parque de Krugersdorp, a decantação iria começar no início dos anos 2000. Mas nenhuma medida foi tomada até agora. Falta de conscientização da gravidade do problema? Carência técnica? Falta de verbas? Diversas razões são apresentadas para explicar essa longa negligência.

“Não se deve entrar em pânico”

Será que ela terá um fim? Na terça-feira (22), o governo anunciou que iria tomar medidas para diminuir o nível de decantação e purificar a água tóxica. “Não se deve entrar em pânico”, repetiu Trevor Manuel, presidente da Comissão Nacional do plano, que se comprometeu a instalar uma bomba em março de 2012 para manter um nível de água poluída a mais de 200 metros da superfície.

O governo sul-africano garantiu estar conversando com as companhias mineradoras a respeito do financiamento dessas medidas. Todos os custos ligados à exploração de minas abertas desde 1956 devem ser por conta das empresas extratoras. Mas a maioria delas deixou a África do Sul há muito tempo. “Essas multinacionais ganharam muito dinheiro explorando as riquezas do país”, constata amargamente Mariette Liefferink, “e hoje elas nos deixaram a conta, essa poluição que ainda fará vítimas durante décadas”.

Segundo especialistas, a água sob Johannesburgo, atualmente a 500 metros de profundidade, estaria subindo de 50 centímetros a 1 metro a cada dia. Eles calculam que, a partir do primeiro semestre de 2012, 60 milhões de litros de água tóxica, o equivalente a trinta piscinas olímpicas, poderão sair da terra a cada dia se o plano do governo não for de fato colocado em prática. A água apareceria no subúrbio, na cidade de Boksburg. Nas proximidades do museu do Apartheid, o parque de diversões de Gold Reef City de Johannesburgo, no qual os turistas podem penetrar a 200 metros abaixo da terra para visitar uma mina de ouro, seria o primeiro a ser atingido.

A mistura ácida poderá corroer as fundações de diversas construções situadas no centro de Johannesburgo. “É possível, mas o risco é pequeno”, relativiza Anthony Turton, um especialista em gestão da água. “O principal problema é uma contaminação dos rios vizinhos.” Os habitantes de Johannesburgo consomem água proveniente em sua maior parte de Lesoto, pequeno país vizinho, mas a preservação da qualidade da água pode aumentar a conta do cidadão.

As principais pessoas ameaçadas são as mais pobres, que vivem nas townships na periferia da cidade. A água corrente não é um serviço acessível a todos, e algumas pessoas devem se resignar a lavar seus legumes, ou até beber a água dos riachos que correm nas proximidades.

“O arsênico faz mal ao sistema nervoso, o mercúrio prejudica o desenvolvimento do feto, etc.; imagine o efeito do coquetel da drenagem ácida das minas sobre o organismo de uma pessoa que estaria exposta a ele de maneira crônica!”, alerta a Dra. Jo Barnes, epidemiologista na Universidade de Stellenbosch. Os especialistas falam também em riscos de câncer, problemas renais para pessoas com poucos recursos, muitas vezes já vulneráveis a doenças como a Aids ou a tuberculose. Os danos ao ecossistema também só deverão ser conhecidos daqui a vários anos.

Tradução: Lana Lim


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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Página Principal - Arquivo Morto do período de 12/2003 até 03/2006
 

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